quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A triste realidade do Professor Readaptado





Poucos conhecem a realidade triste do professor readaptado. Infelizmente poucos se importam com ela. Muitos professores e gestores não imaginam que a readaptação pode acontecer com qualquer um deles.
O professor readaptado é um funcionário sofrido. Ele vem de uma doença, física ou psicológica, que lhe debilitou as forças.
Durante meses ou anos o professor lutou contra essa doença. Frequentou médicos, hospitais, muitas vezes passou por cirurgias. Enfrentou as perícias médicas, a diminuição de salário (pois não estando na ativa perde várias gratificações, e enfrentou o preconceito de certos gestores que sempre acham que o funcionário não está doente: ele está inventando.
O professor enfrentou as filas do IAMSPE e muitas vezes teve que pagar tratamentos e consultas que não eram cobertos pelo IAMSPE (ou que demoravam tanto que a única alternativa era pagar do próprio bolso).
O professor(a) tentou se reabilitar, tentou voltar para a sala de aula. E um dia veio a constatação: ele/ela nunca mais iria lecionar. Seria readaptado.
Essa notícia agrava seu estado físico e psicológico. Já abalado pela doença agora ele precisa conviver com essa realidade dura: nunca mais voltara à sala de aula. E isso é uma coisa que os professores não aceitam.
Então o professor enfrenta um processo desgastante de readaptação, que muitas vezes o obriga a ir várias vezes ao DPME em São Paulo. Ele gasta o que não tem com passagens e alimentação – e o Estado, que o obriga a ir até São Paulo, não lhe ressarce nem 1 centavo.
Quem já foi ao DPME sabe que é uma experiência pra lá de desgastante. Á essa altura o psicológico do professor desce a níveis baixíssimos. Ele adentra – ou se aprofunda – na depressão.
Finalmente o DPME o readapta. E há que se esperar a publicação no D.O. da readaptação.
Mas o martírio do professor readaptado ainda não terminou. O DRHU precisa mandar o “rol de atividades” do professor para a escola. O rol é uma folha com as atividades que o professor poderá desenvolver dali para frente.
Com a demora há gestoras que se aproveitam do professor readaptado e começam a mandar que ele faça atividades que nada tem a ver com o fazer pedagógico: ler diário oficial, abrir portar, ser inspetor de alunos, atender telefone, trabalhar na secretaria da escola, etc.
Esse tipo de gestora conhece os direitos do professor readaptado – mas sonega informações sistematicamente com a clara intenção de aproveitar-se do trabalho do professor.
O professor readaptado também descobre que sua hora-aula virou hora-relógio. Ele vai cumprir 60 minutos por aula – ao invés de 50 (período diurno) ou 45 (período noturno). Ou seja: no período da manhã ele vai trabalhar 10 minutos a mais por aula (ou 40 minutos a mais por manhã por 4 aulas); e no período noturno ele vai trabalhar 15 minutos a mais por aula (ou 60 minutos a mais por noite de 4 aulas). Mas não vai ganhar mais que seus colegas que cumprem a hora-aula.
Muitas gestoras não sabem tratar com o professor readaptado. Não conseguem incluir o funcionário – que muitas vezes agora é um deficiente físico – no convívio pedagógico.
O professor readaptado – doente fisicamente e agora em depressão – tem seu quadro geral de saúde piorado com desrespeito, indiferença e até mesmo assédio moral. Então ele/ela desce até o fundo do poço. Destituído de toda dignidade profissional, tratado como um inútil, explorado fazendo serviços que não lhe competem, assediado, muitas vezes isolado, fazendo tratamentos de saúde para a doença que foi a causa da readaptação, agora ele também cai num psiquiatra tomando calmantes e anti-depressivos faixa preta e gastando ainda mais dinheiro.
Fala-se tanto de incluir alunos com deficiência no ambiente escolar – mas como se várias gestoras não conseguem nem incluir o professor readaptado?
Já temos tese de mestrado de uma professora readaptada de Mogi das Cruzes mostrando a nossa realidade. Uma triste realidade que precisa ser mudada!
Mais respeito ao professor readaptado! Não ao preconceito! Não ao assédio moral! Não à exploração no trabalho! Sim à dignidade! Professor readaptado também é gente!

24 comentários:

  1. Sou nova, tenho apenas 8 anos de magistério e infelizmente desenvolvi um problea nas cordas vocais. Tive que pedir a readaptação para não abandonar meus dois cargos, antes de conseguir uma nova colocação no mercado de trabalho. Entendo perfeitamente o que você descreveu. É realmente uma triste realidade.

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  2. sou readaptado por problemas de cordas vocais, mas a diretira insiste em me colocar para atender telefone PABX e atender ao publico, quando penso em não fazer, sempre me dá problema com a direção, sinto-me perseguido por eles. o que faço?

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  3. Sidnei:

    1º - peça por escrito (ofício em 2 cópias) a cópia do seu rol de atividades.
    2º - aproveite e no mesmo ofício comunique por escrito que você foi readaptado por problemas nas cordas vocais e não pode atender telefone
    3º - se não resolver = ofício para o dirigente regional
    4º - ligar para o antigo DHRU e expor o problema pedindo a intervenção do DRHU + informações de como recorrer
    5º - sair de licença e pedir um atestado médico que você não pode fazer esse serviço. Protocolar cópia do atestado do médico na escola com ofício em 2 vias
    Uma das cópias do ofício - devidamente protocolada - fica com você.
    À partir do momento que você protocolar o ofício a escola tem 48 horas para responder. Na D.E. o prazo é um pouco maior.

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  4. QUANTOS PROFESSORES READAPTADOS EXISTEM NO ESTADO DE SÃOPAULO??

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  5. Nâo sei nem o que fazer... por ter sido readaptada deixei de ser professora, agora sou secretária de escola, meu "cargo de professora" mudou! Pois é, não sou professora readaptada, sou secretária de escola, sim, agora esse é meu cargo!
    Triste realidade, ainda mais quando não há legislação que nos ampare!

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    1. Simone:

      Você continua sendo professora sim!
      E há sim uma legislação que nos ampara. O caso é que normalmente não nos informam porque não interessa que a gente conheça os nossos direitos.
      Você não pode estar na secretaria da escola. É uma situação irregular cometida pela direção da sua escola. O pior é que você acaba fazendo parte dessa irregularidade, ainda que involuntariamente.
      Peça o rol de atividades à direção da escola. Se não derem ou enrolarem peça por escrito (protocole ofício com o pedido).
      O professor readaptado desempenha funções pedagógicas na escola - nunca administrativas.
      O comum é ir para a biblioteca, sala de leitura, e atividades afins. Mas nunca na secretaria.

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  6. Caros colegas professores, hoje foi o meu primeiro dia como professora readaptada e já sofri assédio moral por parte da diretora da EE. Ela mal entrou na secretaria e já foi perguntando se eu iria trabalhar ou sair de licença pois na secretaria não tem lugar pra mim e nem na biblioteca, ela já tem 3 professores readaptados e está louca pra se livrar de mim. Depois disse que se eu não consigo atender alunos e pais eu não sirvo pra ela e nem pra escola (pena que meu celular é muito simples e não faz gravações), isto doeu e me senti um NADA.
    Quando li esse blog já percebi que o caminho é procurar meus direitos e me informar direto do DRHU.
    Detalhe: a diretora faz parte da panelinha da D.E. ficando assim difícil contar com eles.
    Não é fácil caros colegas, mas temos que ter forças e lutar para não sermos oprimidos.
    Sofro de problemas psiquiátricos que se agravaram muito com o cotidiado da escola, ameaças de alunos delinquentes, traficantes e clientela da fundação casa que somos obrigados a "engolir".
    Achei fantástica a idéia de compartilhar nesse blog as nossas experiências e a gama de informações oferecidas principalmente para os professores que como eu, estão perdidos sem saber como proceder diante dessa nova e triste realidade.

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    1. Amiga Hillary estou readaptada a dois anos e não é fácil, somos vistos na escola realmente como pessoas que não querem trabalhar. Infelizmente até por alguns colegas, estou na biblioteca que na verdade é um deposito de lixo, de todo tipo que eles insistem que eu devo deixar em ordem, lógico que eu não consigo e fico me sentindo mal, outra coisa acabei me tornando a pessoa que entrega os materiais para os alunos: livros, apostilas, kits de material etc etc etc. E assim vou levando. Sugiro a vc amiga que batalhe por um espaço para que não fique se sentindo inútil e que ao mesmo tempo não exija de você o que você não pode oferecer. Muita força e não desista afinal não ficamos readaptadas por que queremos e sim porque nossa saúde
      ficou comprometida. Muita Paz e Luz Maria Cristina

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    2. É uma boa ideia comprar um celular ou uma daquelas canetas que gravam. Assim você reúne provas.
      Acima da D.E. existe a Ouvidoria da Secretaria da Educação - onde você pode fazer denúnicas por email.
      Se ela não tem lugar pra você na biblioteca o problema é dela. É obrigação dela arranjar serviço pra você dentro do seu rol de atividades.
      Professor não trabalha em secretaria e ponto.
      Se você se sentir mal, assediada e humilhada aconselho uma licença médica por assédio moral. Acredite: nem todos os remédios faixas pretas do mundo vão fazer efeito se você ficar sendo humilhada todo dia.

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  7. Boa noite, colegas professores!
    Minha readaptação saiu publicada no dia 02/02/2013. Voltarei à Escola no dia 15/02/2013, término da minha licença.Não foi fácil o processo, a Secretária do colégio demonstratava um certo descaso, mas tratei de mostrar para ela os meus direitos. Ontem fui à Escola conversar com a Diretora, a qual me tratou com muito respeito e carinho, e a Secretária também mudou a postura, acredito que quando levei o fato à Direção...a mesma conversou com a Secretária.
    A Escola fica longe da minha residÊncia e solicitei uma mudança para uma UE mais próxima, recebi a resposta que precisarei aguardar de 1 a 2 meses uma publicação no DO deferindo a solicitação de mudança de UE, nesse período deverei cumprir horário na Escola Sede.
    Isso procede?

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  8. Aconselho a ligar para o DRHU e checar essa informação.
    Por favor reparta conosco depois o resultado.

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  9. Essa é realmente a realidade do professor que adoece trabalhando, sem contar que depois ele fica como um zumbi, pois é excluído de ser professor, e é discriminado dentro da secretaria, mesmo que você trabalhe dê tudo de si,há sempre aquela conversa atravessada quando se refere a readaptados,não respeitam e nem sabem o que significa conduzir uma sala de aula durante anos e anos,se preparar parta isso,se desgastar e depois ver seu esforço e sua dedicação estupidamente se esvaírem.
    Virar porteiro,atendente de guichê,e por aí vai...

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    1. Porteiro? Atendente?
      Cara colega: não há nada disso no rol de atividade.
      E quem manda na vida do readaptado é o rol de atividades.
      Então leia, estude, devore se rol. E brigue para que ele seja cumprido.
      No mais direção que não sabe aproveitar o potencial de trabalho de um readaptado (segundo o rol de atividades) atesta sua incompetência em gerir a escola.

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  10. Sou ACT cat F,estou no Estado há 19 anos,estou readaptada há algum tempo, de licença há 10 anos sem interrupção. A última perícia por qual passei foi em 04/09/12. Foi protocolada nova licença a qual foi agendada para 12/03/2013. Quando ia vencer o atestado de 20/09/2012 passei por consulta e a médica solicitou mais 90 dias a partir de 19/12/2012,com 90 dias tb, com esse novo atestado a escola tentou agendar nova perícia, o sistema DPME negou, fui orientada em 20/12/2012 a levar o atestado para uma funcionária na DIR. ENS.Como minha readapatação estava para vencer em Janeiro protocolei também na época solicitação para reavaliação da Readaptação, com todos atestados que tinha em mãos. Inclusive já há uns 6 meses a minha médica tem solicitado aposentadoria conforme orientação de um Médico do DPME. Veio o recesso . Em janeiro entrei em contato com a Escola disseram estar tudo certo. Procurei novamente a Escola para saber sobre atribuição me informaram que não participaria por ser readaptada. Ontem recebi um telefonema da Escola questionando que não tinha perícia agendada fora a do dia 12/03.Respondi que havia levado para a D E conforme orientação deles mesmo.Como procurei a Escola me disseram estar td certo posso ser prejudicada? tenho atestado médico de 19 dezembro, com cid , relatórios,etc. Estou em tratamento com neurologista tenho dores intensas, reumatologista, psicóloga,to passando por diversos médicos, faço uso de medicação, tento ajudar a escola como posso qdo recebo aviso de publicações etc. Pergunto essa perícia do dia 12/03/2013 me ampara por todo esse período desde a última perícia em setembro? Já que o DPME quem me agendou nesta data com este intervalo grande? Só agora a escola verificou que não consta a agendamento da funcionária da DE sendo que informaram estar td OK.
    monica_lodv@hotmail.com
    Grata

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    1. Monica:

      Primeiro é importante explicar o seguinte: até que saia no DO a cessacão da sua readaptação você continua readaptada. E aí não pode pegar aulas.
      Aconselho você a ligar direto para o DRHU. Lá eles poderão checar o sistema - e o mais importante: lhe dar informações corretas!

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  11. Olá, fui diagnosticada com fibromialgia, no entanto ainda estou em estágio probatório (apenas um ano) na Rede Estadual de Ensino. Sou professora.
    Gostaria de saber se posso requerer a readaptação, tendo em vista meu problema de saúde. Desde já agradeço.

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  12. Meu caso não é de readaptação, mas por favor, me dêem uma luz! Tenho artrose avançada nos dois joelhos, meus movimentos estão cada vez mais limitados. O ortopedista me deu um laudo informando que eu não posso, "em definitivo, subir escadas, rampas, ladeiras, fazer agachamento ou qualquer flexão no joelho". A escola onde estou lotada fica no topo de uma ladeira que EU NÃO AGUENTO MAIS SUBIR!!! Preciso de uma remoção, mas vai ser MUITO DIFÍCIL conseguir. Eles acham que é brincadeira, que é preguiça. Vou pegar mais dois ou três laudos de médicos do estado. O que é que eu faço pelo amor de Deus para conseguir essa remoção? Acho que tenho que passar pela junta médica, não é? Mas e depois, o que eu faço?

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  13. BOM DIA, SOU DE FRANCA - SP, DEPOIS DE 18 ANOS DE TRATAMENTO DE DEPRESSÃO, COM NEURO E PSIQUIATRA, HOJE O MEDICO PEDIU MINHA READAPTAÇÃO...QUE DESÂNIMO...GOSTARIA DE SABER SE O QUADRO DE DEPRESSÃO É DIFICIL...SINCERAMENTE...NÃO SUPORTO MAIS, NÃO TENHO CABEÇA PRA ESTUDAR PARA OUTROS CONCURSOS AGORA,,,TENHO UMA BEBE DE UM ANO...SUSTENTO A CASA...TO MUITO DESANIMADA...TO DECEPCIONADA...SEMPRE GOSTEI DE ENSINAR...AGORA TO ODIANO...DIFICIL...

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  14. Só em ler os relatos desabei e chorei por estar vivendo a mesma realidade. Sou da Bahia, mas vivo o mesmo drama da readaptação funcional. Estou me sentindo inútil, completamente inválida no ambiente escolar. Estou em conflito por não estar fazendo o que amava que era dar aulas e ao mesmo tempo não consigo nem ouvir a voz dos alunos. Fui diagnosticada com Síndrome do Pânico há 5 anos e desde então vivo lutando para voltar a ser a profissional apaixonada pelo que fazia.
    Obrigada pelas informações muito pertinentes. Saúde e paz para todos nós!

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    1. Olá! Eu estou passando por um problema parecido. Gostaria de conversar a respeito e trocar experiências. Meu nome é Michelle, sou do RJ. Meu email é michelle.sabala@hotmail.com

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  15. Só em ler os relatos desabei e chorei por estar vivendo a mesma realidade. Sou da Bahia, mas vivo o mesmo drama da readaptação funcional. Estou me sentindo inútil, completamente inválida no ambiente escolar. Estou em conflito por não estar fazendo o que amava que era dar aulas e ao mesmo tempo não consigo nem ouvir a voz dos alunos. Fui diagnosticada com Síndrome do Pânico há 5 anos e desde então vivo lutando para voltar a ser a profissional apaixonada pelo que fazia.
    Obrigada pelas informações muito pertinentes. Saúde e paz para todos nós!

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  16. PROFESSORES READAPTADOS POR VOZ NÃO PODEM ATENDER ALUNOS EM SALA DE LEITURA.

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